Por: Helena Sthephanowitz.
A TV Globo e o jornal Folha de S. Paulo voltam sua artilharia contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). E a famosa cortina de fumaça para tirar a CPMI do Cachoeira de evidência. Mas os fatos narrados em suas próprias notícias mostram o contrário do que as manchetes querem induzir o leitor a acreditar. Folha e Globo dramatizam a notícia como se o governador estivesse envolvido com o bicheiro.
Quando lemos a notícia, retiramos os adjetivos, as frases de efeito e de opinião, e separamos apenas os fatos, o que se nota é o grupo de Cachoeira e o governo de Agnelo são, na verdade, antagônicos.
A Folha descreve telefonemas em que há gente defendendo os interesses da empreiteira Delta e ameaça não pagar propinas para gente de escalões mais baixos do governo do Distrito Federal, porque o governo Agnelo não atende aos interesses da organização criminosa.
Ora, fica claro que a turma de Cachoeira queria e tinha gente infiltrada na máquina do governo do Distrito Federal, mas que não conseguia ter seus interesses atendidos pelas pessoas de escalão mais alto, com poder de decisão.
O mesmo enredo aconteceu no Jornal Nacional. Os fatos também mostram que a organização de Cachoeira estava insatisfeita com os interesses contrariados no governo de Agnelo. Mas a trama elaborada nas redações querem fazer parecer o contrário.
Outra notícia inverossímil seria a de que Agnelo estaria usando Dadá – um dos principais assessores do bicheiro – como emissário para conseguir um encontro com Cachoeira (!).
Um pouco de compostura jornalística, gente! Depois que Cachoeira gravou Waldomiro Diniz, nenhum político (a menos que seja doido varrido), tem o menor interesse em pedir para conversar com ele diretamente. Só conversavam quem estava amarrado à organização e tinha plena confiança em Cachoeira, como Demóstenes Torres. Notem que nem o governador de Goiás, Marconi Perillo, citado em muitos telefonemas, foi pego falando diretamente com o contraventor.
Para espalhar o boato inverossímil, a Globo e a Folha aproveitam-se de uma análise da Polícia Federal sobre um grampo cifrado, que ainda estava na fase do "chute" para apurar depois, pois o analista suspeita que "Magrão", citado nas conversas, poderia ser Agnello Queiroz.
Mas basta ouvir novamente o grampo no próprio Jornal Nacional que fica óbvio que o "chute" na análise está errado, e em apuração posterior seria corrigida:
- o nome Agnelo sequer é citado nos diálogos;
- o próprio Dadá não tem certeza sobre quem é o Magrão ao dar o recado, o que dá a entender que não seja alguém tão importante assim;
- no diálogo diz que o tal Magrão está ligando e Cachoeira não está atendendo (!). Ora alguém acredita que qualquer governador ficaria ligando para Cachoeira e não sendo atendido, a ponto de ter que pedir a Dadá para atendê-lo?
Que venha a CPI, que se apure de fato todos os tentáculos da organização criminosa, inclusive em departamentos do governo do Distrito Federal, e se algum governador tiver denúncias consistentes contra si, que responda por elas, mas lugar de inventar trama na programação de TV é em novela e não em telejornais.
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