Minha foto
Brasília não pode mais sofrer com a triste história que tomou conta da alma de seu povo e das páginas policiais, durante os últimos governos. Nossas postagens tem compromisso com esse povo e com sua história.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Bicicletas Urbanas é no mínimo anticapitalista


A Mobilidade Urbana é sem dúvida um dos maiores desafios do país.
As propostas capitalistas do desenvolvimento nacional baseado na energia do petróleo e na indústria automobilística trouxeram o caos para o trânsito nas maiores cidades brasileiras.
O carro é o fetiche contemporâneo dos brasileiros. A cada ascensão social o brasileiro aumenta a cilindrada do carro, a violência no trânsito e sua emissão individual de carbono.
Acontece que investir no transporte individual por automóveis restringe o Direito à Cidade, ou por falta de dinheiro para adquirir um carro ou pelo congestionamento causado nas vias.
De fato, não há solução mágica para o problema. Não serão os trilhos, nem os automotores e nem as bicicletas. Um sistema eficiente de transporte deverá ser pensado isoladamente de acordo com as características de cada cidade.
Nesses últimos meses, principalmente nas últimas semanas, vimos na mídia brasileira, de maneira como nunca tínhamos visto, a bicicleta sendo citada como meio de transporte urbano.
O IPEA em 2011 realizou uma pesquisa através do Sistema de Indicadores de Percepção Social e constatou que quanto menor e cidade maior é o deslocamento a pé e de bicicleta. Mas em metrópoles e as futuras megametrópoles? Como a bicicleta será inserida na cidade?
Foi com essa pauta que em 1992 foi iniciado o movimento CRITICAL MASS, em São Francisco (EUA), conhecido em Portugal e no Brasil como Bicicletada. O movimento parte de uma ideologia de organização horizontal (sem lideranças) com um único objetivo: exigir um pouco mais de espaço para as bicicletas nas vias públicas. A bicicletada existe no Brasil desde 2002 e em Brasília desde 2007.
No começo de Março deste ano, motivado pelo atropelamento da Cicloativista paulista Julie Dias e mais as mortes de outros ciclistas em Brasília, Belém, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo ocorreu a primeira Bicicletada Nacional. Foram mais de 35 cidades participantes e por isso houve muita repercussão midiática.
Uma vez por ano o movimento adere à World Naked Bike Ride – WNBR, conhecida por aqui como Bicicletada Pelada (ou Peladada). O movimento acontece simutaneamente em centenas de cidades ao redor do mundo e traz na nudez dos ciclistas a crítica pelo fato de se sentirem invisíveis em meio à violência do trânsito. Todo movimento tem sua forma de manifestação. Existe quem apoia e quem não apoia. Condenar um movimento pela vestimenta ou falta de vestimenta é, no mínimo, moralismo.
Nem todo mundo andará de bicicleta, mas quem anda, além de protegido deve ser bonificado. Países como Inglaterra, França e Bélgica já bonificam, ou com dinheiro ou vantagens em eventos culturais, o cidadão que utiliza a bicicleta ou o andar a pé nos seus deslocamentos diários.
É fácil perceber os benefícios que um ciclista trás para a cidade.
 A partir do momento que o ciclista não retira seu carro da garagem nos dias de semana, é um carro a menos na cidade e consequentemente uma vaga a mais no estacionamento do seu trabalho.  
Diversos estudos comprovam que a atividade física regular previne as doenças degenerativas, logo diminui o gasto em saúde pública.
Com tantos benefícios da bicicleta por quê ainda existe cidadãos com tanta raiva de ciclista na rua? Porque um jornalista como o Sr. Reinaldo Azevedo (segue o link da reportagem) continua publicando matérias ridicularizando o movimento?
Acontece que a pauta da bicicleta desfavorece alguns setores produtivos mencionados no início do texto além dos interesses individualistas da população.
O asfalto, o petróleo, as obras de infraestruturas de transporte, as duplicações das vias, a contracultura do carro, tudo afeta os interesses produtivos.  A diminuição de vagas para estacionamentos no centro da cidade, a redução da velocidade na via, o compartilhamento da via entre carros e ciclistas atingem o individualista.
A bicicleta como meio de transporte favorece o convívio humano. A bicicleta humaniza a cidade. Diferentemente dos esportistas com sua vida “contra-relógio” em suas bicicletas milionárias, a bicicleta urbana é simples, simpática, sustentável e barata. O ciclista urbano aprende a contemplar a cidade, começa redefinir seu tempo e o ritmo do dia a dia.
A bicicleta urbana é no mínimo anticapitalista.
Essa luta está apenas começando!

Paulo Alexandre Elias Passos – AE/DF e Membro do Comitê de Mobilidade Urbana por Bicicleta do Distrito Federal
Renato Zerbinato – Membro do Comitê de Mobilidade Urbana por Bicicleta do Distrito Federal

REFERÊNCIAS:

Nenhum comentário:

Postar um comentário