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Brasília não pode mais sofrer com a triste história que tomou conta da alma de seu povo e das páginas policiais, durante os últimos governos. Nossas postagens tem compromisso com esse povo e com sua história.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Poder paralelo de Brasília

Políticos, autoridades e empresários de Brasília vivem sob constante ameaça de chantagem. São todos reféns do passado, dos erros que cometeram e de diálogos não-republicanos. Outros têm a sua vida pessoal devassada, e questões de foro íntimo caem na rede de bisbilhotagem que se criou na política do Distrito Federal.

   Foi no final dos anos 90 que se iniciou na capital federal esse clima de medo e insegurança. Tudo começou com o ex-delegado Durval Barbosa e teve continuidade com seus filhotes de arapongagem. Quem trilhou pelo submundo de gravações clandestinas fez fortuna na cidade e muitas vítimas. Quem não se submete às chantagens tem a sua vida destruída. Não se pode mais conversar com tranqüilidade com ninguém em Brasília. Por telefone, nem pensar. Sempre vai haver um terceiro na linha ouvindo e gravando conversas que podem gerar dinheiro ou poder. De jornalistas a juízes, passando por governadores, secretários de Estado e parlamentares, todos são alvos dessa gente.
  
  A última vítima foi o delegado Onofre de Moraes, que fez confidências e emitiu opiniões nada adequadas para alguém que almejava chegar ao cargo de diretor geral da Polícia Civil, um sonho antigo. Caiu não só pela boca grande, mas também pela escolha de suas amizades e companhias.

  Onofre alegou que tudo não passava de “galhofas e brincadeiras”, mas esqueceu que não se pode brincar com coisa séria, quando se ocupa um cargo sério. A gravação causou constrangimento no governo e deixou sua situação insustentável na Polícia Civil. O pedido de demissão foi inevitável e Onofre agora veste os pijamas da aposentadoria.

   Fala-se nos bastidores que existam mais de três mil gravações de áudio e vídeo em poder dessa turma, aterrorizando meio mundo de gente que orbita pelo poder em Brasília. Quem ainda não foi chantageado e pode fazer algo para conter a sanha dos grampeadores, fica inerte com medo de ser a próxima vítima. Então, optam pela omissão, fechando os olhos para os escalabros que acontecem.

  Se existe mesmo tanta gravação assim, o Ministério Público poderia provocar a Justiça para que requisite dos grampeadores que estão sob tutela a entrega de todos os áudios e vídeos. Dessa forma, colocaria um fim na era das chantagens. Quem cometeu algum tipo de ilícito responderia por seus atos nos tribunais adequados.

   O que não pode são protegidos da justiça por delações continuarem operando na cidade e trazendo o medo e a instabilidade política, mostrando suas gravações clandestinas quando bem entendem ou quando lhe trazem algum benefício financeiro, político ou uma mera vingança. Se essa bandalheira continuar, o Judiciário será responsabilizado pela sociedade como coautor desses crimes.

   A divulgação de vídeos clandestinos é hoje a maior arma de um grupo que chefia o poder paralelo em Brasília e desafia os poderes legalmente constituídos. São gravações ilegais e que acabam contando com a omissão da justiça, que não contesta a sua produção. O certo seria que um autor de vídeo clandestino respondesse processo nos tribunais.

   É hora de por um fim nisso tudo, do contrário continuaremos vivendo num estado de medo e seremos todos suspeitos e vítimas, ao mesmo tempo, de nossos próprios pecados mais íntimos, pois sempre terá alguém nas sombras do submundo gravando a intimidade alheia.

   O artigo 5º da Constituição Federal garante a todos os cidadãos brasileiros o direito à privacidade. Esse direito é, inclusive, garantido pela Lei 9.296/96, que diz que a intimidade de uma pessoa só pode ser violada pela Justiça.

                                                                                                                Ricardo Callado

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